sábado, 23 de janeiro de 2010

A filha do treinador

Imagine-se à mesa com o jogador de futebol que sempre admirou. Este seu ídolo é agora o mister da equipa de futebol principal num dos mais antigos clubes de futebol da nação. Está no jantar de gala do clube. Não interessa agora como e porque é que lá foi parar. Interessa sim captar o maior n.º de imagens possível já a pensar no momento em que vai relatar tão grandioso acontecimento aos seus amigos.
Prepara o bloco e a caneta mentais e eis que as coisas começam a correr da maneira que… menos esperava. Mas não menos merecida de ser narrada.
Importa voltar atrás e descrever o momento da chegada. A chegada à mesa onde supostamente se iria sentar. Vai como acompanhante do seu namorado e, no entanto, na mesa para onde se dirigem só existe uma cadeira vazia. Onze homens com o fato oficial do clube, confeccionado por uma conceituada empresa do sector têxtil da região. Todos sorriem com o ar mais simpático deste mundo mas ninguém se levanta.
O namorado pergunta: “Então onde é que nos sentamos?”. Da mesa respondem: “A sua senhora pode ficar ali na outra mesa com a esposa do mister”.
Quando impusemos sentarmo-nos juntos lá se levantaram os fardados mais amovíveis disponibilizando os seus lugares e atrás de nós logo a esposa do mister soltou o grito do Ipiranga, acompanhada das duas filhas, exigindo também o lugar na mesma mesa do cônjuge.
Saltando a parte em que - depois da sopa e antes de ser servido o prato principal – o salão foi invadido pelo cheiro a podre que viemos a perceber ser da carne de porco estragada, o que mais prendeu a atenção dos meus sentidos foi a filha mais nova do mister.
Esta petiza de tenra idade, fisionomia indígena e tez em conformidade, tinha aquilo a que se chama “o bicho-carpinteiro”. E por contraditório que pareça, estava também com uma grande traça.
Iniciou a refeição com dois pratos de sopa que, diga-se, estava excelente. Pão e manteiga q.b. também não faltaram na barriga, nas mãos e no cabelo da criança. Dava gosto ver a garota comer, em quantidade maior ou igual à dos adultos do sexo masculino e de grande porte que ali estavam.
Mas o apogeu da performance desta menina ligada à corrente foi aquando do largar dos bolos de amêndoa na mesa. Vinham debruados a chantilly e, desta feita, a brincar às mulheres-a-dias, decidiu limpar os pratos de sobremesa dos convidados, chegando mesmo a enxaguar o chantilly que vinha a delimitar os rectangulares doces de amêndoa.
Assistindo a cada gesto da “piquena” como se de um número de circo se tratasse, posso afirmar que o grande final não desiludiu. Apoderando-se da flûte de espumante do indiferente mister, preparou um cocktail de fazer inveja a qualquer McGyver que se preze. Azeitonas, pão, pacotinhos de manteiga e - mais uma vez o especial ingrediente – chantilly temperaram a bebida do brinde que, imprevisivelmente, ficou sem qualquer rasto de bolhinhas.
Termino este meu testemunho deixando a todos os auxiliares do ensino, educadores de infância e professores que eventualmente se cruzem com esta mini Pocahontas o meu incentivo e o meu voto de ânimo e alento!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  2. HaHaHa...a subtileza de um elefante numa loja de porcelana portanto...

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