quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Carnaval Sadino

Apesar das parecenças com a palavra “sádico”, o Carnaval Sadino de cruel ou perverso não tem nada.
Um jantar numa conhecida marisqueira da Avenida Luísa Todi foi o suficiente para reconhecer o espírito carnavalesco que se faz sentir em território da margem sul do Tejo a propósito das celebrações do Entrudo.
Entre divertidas máscaras, perucas, disfarces e fatiotas, estava presente naquele restaurante, cujo prato de lulas cortadinhas muito deixou a desejar dada a quantidade de cebola fatiada ultrapassar em larga escala a do molusco, um grupo digno de especial destaque: O gang dos super heróis!
Do célebre Super-Homem, com o seu cabelo de plástico penteadinho, à Batwoman com mini-capa, mini-saia e mini-pudor, ao Capitão América com o capacete de asas a confirmar que é o mais fashion dos Deuses da BD, ao hilariante Incredible (o Pai) no seu conjunto apertado sunga preta-cinto amarelo, de largura e altura semelhantes ao personagem animado mas que em vez da massa muscular de espuma que todos os outros heróis envergavam aproveitava a sua basta e robusta massa adiposa para encher o fato.
Entretida com a variedade de personagens históricas, infantis e contemporâneas no estabelecimento, quase me escapava um super herói sentado à minha esquerda com quem, não fosse uma separação de escassos centímetros improvisada pelo Aladino-de-sala e pela Sevilhana-de-mesa, partilhava na prática a mesma mesa.
Só depois de devorados o pão, manteiga e azeitonas do tão habitual couvert português - do qual dispensei uns rolinhos de patê duvidoso - reparo que esta figura quadrangular que acreditei pertencer ao grupo "mascarados de musculados" na pele de qualquer coisa como o Homem-esteróide, era efectivamente o Homem-Esteróide mas não mascarado.
Deste facto apercebi-me quando chegaram os seus companheiros de mesa: o Homem-Proteína, sua namorada a Rainha-do-fitness e a esposa do primeiro, a Proprietária-do-ginásio-que-também-dá-uma-perninha-na-recepção-aos-fins-de-semana-e-feriados.
O jantar terminou em grande com uma entrada triunfal ao som de buzinadelas.
Por entre mesas, faraós, peterpans, prisioneiros de alcatraz e outros foliões, uma donzela de cachos loiros pelo ombro, pelos escuros no peito e vestido branco virginal armado, ao volante de uma lambreta datada, acelerou rumo à cozinha de onde ninguém mais a viu sair.
É caso para gritar à moda das marchas populares: “Ai é, é, é, Setúbal é que é!”

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Os kiwis da nossa vida


O kiwi, à portuguesa "quivi" ou mesmo "quiuí", como muitos gostam de lhe chamar, é o fruto que maior número de vitaminas reúne: A, C, E, B3 e B6. Para além das vitaminas, estão presentes na sua composição uma série de minerais: potássio, cálcio, magnésio e ferro. O seu consumo é, pois, muito benéfico no que à saúde respeita.
Mas não se pense que por estes motivos esta fruta é apenas procurada pelo sexo feminino, em especial pelas mulheres que têm no bem-estar e na boa forma uma das suas principais preocupações.
Não senhor! Também há jovens rapazes - conheço eu um caso destes e que de feminino não tem nada - que a partir de um kiwi, meio queijo fresco e um iogurte natural elaboram uma agradável refeição, consolado-se com este tipo de alimentação até em alturas de maior exigência intelectual!
Voltando à descrição deste fruto cor de sporting e formato de ovo de galinha, não devemos menosprezar as suas características suculentas. Por olvidar esta potencialidade do kiwi é que uma outra jovem que conheço - chamemos-lhe Calu - ao transportar um deles ao desbarato na sua carteira, se deparou no final de uma curta deslocação com uma papa de verdete a envolver-lhe aleatoriamente todos os pertences.
Desde as chaves de casa a um livro emprestado que tinha que devolver em breve, das saquetas de aspegic e chá aos batons do cieiro e telemóveis.
Moral da história: O kiwi não é um fruto qualquer, não o trate como tal.
Sugestões de utilização: 1.) Acondicione-o devidamente antes de qualquer migração; 2.) Não deixe de recomendar o seu consumo ao próximo sem olhar a sexo, raça, credo ou religião.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

274 à Paiva Couceiro...chhrrrghrr...274 à Paiva Couceiro

Quantos de nós não ouvimos já, numa dessas viagens de táxi pela cidade da luz, a senhora da retalis, com a sua voz de cana rachada, a chamar um táxi para a Paiva Couceiro?
"Eu, pessoalmente" (como dizia a outra) já ouvi, e o meu amigo Kentucky (nickname) também. No que toca a carros de praça, posso dizer que este adepto do serviço de chauffeur tem um verdadeiro dicionário de expressões e linguagem.
Largos anos da minha vida a ouvir falar da Praça Paiva Couceiro, nomeadamente em frases como "Retalis... 274 à Paiva Couceiro" e permanecia, até há umas horas atrás, sem saber quem teria sido o senhor que baptizou um dos arruamentos da nossa cidade com maior ratio de circulação de táxis por quilometro.
Pois bem, Henrique Mitchell de Paiva Couceiro, nascido a 30 de Dezembro de 1861, foi militar, administrador colonial e político. Esteve por trás das incursões monárquicas contra a Primeira República, tendo comandado a de 1911, participado na de 1912 e presidido a Monarquia do Norte, que durou de 19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919. Por este motivo e pela fidelidade monárquica o chamaram de "O Paladino".
Aqui fica uma brevíssima biografia de um nome que tantas vezes passa na boca dos nossos taxistas. E cujo bigode os poderia inspirar também.